Sobre nós
Nasci e cresci numa família onde não havia livros, mas havia histórias contadas, lengalengas lengalengueadas e cantilenas cantaroladas.
Os meus pais viviam em casa dos meus avós maternos e trabalhavam numa fábrica de sapatos. Todos os dias saiam de manhã cedo e só regressavam ao fim da tarde. Passei, por isso, toda a minha infância, até entrar para a escola, em casa dos meus avós. E o meu avô que, como a maior parte das pessoas naquele tempo, só tinha a quarta classe, era um homem sábio e esperto, sentiu que tinha ali um neto que havia de educar e entreter. De entre as muitas coisas a que se dedicou foi a contar-me e a cantar-me histórias, rimas, lengalengas e trocar a ordem do mundo, tendo ganho por isso o cognome de Avô Cangalhas. Com o meu avô aprendi como conjugar tradição e criatividade, dando rédea solta à imaginação.
Só quando cheguei à escola pude ver e ler livros. Foi amor à primeira vista.
Sempre fui um ávido leitor. E por causa das histórias ouvidas e lidas, comecei a escrevinhar rimas, histórias e sonhos. Neste processo inicial foi muito importante a minha professora primária, porque puxou por mim e me ajudou a casar a imaginação com as palavras.
Ao longo do meu percurso escolar, ajudado pelos professores, adquiri competências de escrita literária.
Já crescido participei nas páginas jovens de muitos jornais e revistas, públicando sobretudo poemas.
Alimentava o sonho de publicar um livro para crianças, destinatário com o qual sempre me senti identificado.
Mandei manuscritos para várias editoras, quase sempre sem obter respostas ou obtendo respostas ambíguas. Na altura, como hoje, editar um primeiro livro era difícil e era preciso conhecer o meio e eu não o conhecia.

Em 2007, enviei um manuscrito para uma editora que aceitou publicá-lo, mas impôs condições de edição que, ao tempo, ao não podia aceitar.
No regresso a casa, depois da entrevista na editora, relatei o sucedido a um amigo que me perguntou: “Porque não fazes tu uma editora?”. Disse-lhe que não tinha dinheiro nem disponibilidade. Respondeu-me que me ajudaria.
Um mês depois estava a ligar-me e a perguntar-me que nome queria dar à editora. Nem queria acreditar, nunca mais pensara no assunto, fruto duma conversa de circunstância.
Disse-lhe que a ideia era fazer trinta-por-uma-linha e a expressão logo se tornou nome da editora. Fazer Trinta-por-uma-linha, que o mesmo é dizer, não nos levarmos muito a sério e não ter uma política editorial rígida.

Desde a primeira hora, insistimos em dar vez e voz a novos autores, escritores e ilustradores.
Como me vi, de um momento para o outro, no lugar de editor, procurei formação, porque, de facto, eu nada sabia de edição. Nesse âmbito fiz o «master en libros y literatura infantil y juvenil», na Universitat Autónoma de Barcelona. Participei em encontros de editores e especializei-me no “saber de experiências feito”.
Ao longo destes anos, mantendo a identidade de editora pequena, independentemente, que edita sobretudo autores portugueses, houve momentos muito difíceis: as crises económicas, as dificuldades de distribuição (com apostas falhadas em distribuidoras), a escassez de recursos humanos, entre outros desafios próprios do meio.

Em fevereiro de 2020, a pandemia congelou o nosso plano editorial, tornou ainda mais escassos os nossos recursos humanos, mas… aproximou-nos do Digital. E ajudou-nós a descobrir que, mais do que apenas uma editora de literatura infantojuvenil, somos um projeto editorial que ajuda os escritores a escrever, a editar/publicar e a promover os seus livros de Literatura Infantil e Juvenil.
Esta “refundação” fez-nos voltar ao propósito inicial (editar novos autores) e associar a inovação do marketing digital.
Propomo-nos, por isso, ajudar os autores a escrever, a publicar e a promover os seus livros.
Connosco, queres fazer trinta-por-uma-linha?